sábado, 24 de dezembro de 2016

LML - Ver e ser visto (iluminação de emergência)

A LML Star ou Stella possui uma instalação eléctrica simplificada e rudimentar, muito semelhante à das motorizadas que inundaram a Europa nos anos 50 do século passado.
As mais modernas dispõem já de arranque eléctrico, mas o fabricante descurou um aspecto básico de segurança. Sempre que o motor não está em funcionamento, não há como manter a iluminação ligada. Mesmo a de presença, o que constitui uma situação perigosa se circularmos de noite na via pública e formos surpreendidos com uma avaria.

Desde que me iniciei nas duas rodas que obedeço cegamente a um princípio básico e fundamental para manter a minha integridade física: prioritariamente, prefiro ser visto, a ver.

Logo que me interessei pela mais europeia das scooter's asiáticas - a LML - cedo me apercebi desta lacuna, pelo que me dispus a pensar na forma de a ultrapassar e corrigir.

Originalmente, a LML apenas dispõe da bateria para accionar o motor de arranque e a buzina. O circuito de iluminação é accionado por corrente alternada, gerada pelo sistema de bobines e magneto accionado pelo motor. Com o motor parado não é produzida energia para o circuito de iluminação.
A primeira ideia que me veio à cabeça, foi de alimentar o circuito de iluminação também através da bateria, mas tal não é possível, já que o rectificador-regulador não tem capacidade suficiente para carregar a bateria ao ritmo de descarga da mesma, se esta for utilizada para iluminação.
Abandonei a ideia e optei por outra solução, que foi a de alimentar o circuito de iluminação em tensão contínua apenas quando o motor não estiver em funcionamento. Assim que este arranque, o modo de funcionamento passa ao estado original, ou seja, o circuito de iluminação passa a ser alimentado por tensão alternada.

Para isso desenhei o esquema que abaixo reproduzo e que partilho com quem pretender encontrar uma solução para o mesmo problema.
A alteração é simples e passa por instalar um relé auxiliar que será responsável por 'apalpar' o estado do motor. Se este estiver apagado, a iluminação será alimentada por corrente contínua. Assim que inicie a marcha, passará a estar alimentado por corrente alternada. É simples.
O relé, do tipo usado em automação com 1 contacto inversor (NA-NF) poderá ficar alojado junto ao velocímetro. As ligações poderão ser efectuadas com condutores de 0,75 mm2 de secção e as soldaduras protegidas com manga termo-retráctil. Apenas é necessário seccionar um condutor na instalação original - o fio cinzento proveniente do magneto e que alimenta o comutador de luzes.
A tomada de corrente contínua pode ser a que descrevo neste outro artigo do meu blogue.

Segue-se um pequeno vídeo onde demonstro o resultado final da alteração ao circuito original.


Esta é a forma mais fácil de alterar o circuito, porém tem o 'inconveniente' de possibilitar o acendimento não só da luz de presença (mínimo), mas também do médio / máximo. Poderíamos também evitar esta situação e garantir a iluminação apenas das luzes de presença. Tal é possível utilizando outro contacto inversor (um relé duplo, por exemplo), mas iria agravar o atravancamento dos fios num espaço exíguo que é o disponível junto ao velocímetro.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

LML | Como ligar equipamentos em segurança

Estas scooters asiáticas - LML - semelhantes às clássicas Vespa, padecem da mesma dificuldade, sempre que é necessário ligar a bordo qualquer 'gadget' por mais simples que seja, como por exemplo um carregador de telemóvel.

A bateria de que dispõem serve apenas para accionar o motor de arranque e a buzina. Nada mais. Os outros circuitos são alimentados pela tensão alternada gerada no magneto, que dispõe de uma bobina para alimentar o circuito de alta tensão da ignição e uma outra para alimentar o circuito de iluminação.
Pelo interruptor de ignição, passa apenas uma ténue corrente de comando e deve manter-se assim, já que fazer percorrer através dele uma corrente maior para alimentar os 'gadgets' referidos, poderia comprometer a durabilidade do interruptor.

Como poderemos então, contornar este pequeno problema? Muito simplesmente com o auxílio de um relé comandado pelo interruptor de ignição.

O esquema acima reproduzido é claro. Através dos contactos do relé, circulará a energia produzida pela bateria que necessitamos para alimentar o GPS, o carregador do telefone, ou qualquer outro 'gadget' de baixo consumo. O relé será comandado pelo interruptor de ignição pelo que, os equipamentos apenas serão alimentados se a chave de ignição se encontrar na posição I. Quando esta estiver em 0, os equipamentos não serão alimentados.

Todos os circuitos eléctricos deverão ser protegidos por um corta-circuitos fusível. Este não é excepção mas para facilitar a montagem, prescindi de um novo fusível, já que a montante o circuito se encontra protegido pelo único fusível disponível na instalação.
O elemento que se encontra ligado em paralelo com a bobina do relé, é um díodo de 'flyback'. Como a bobina do relé não pode escoar a sua corrente de trabalho instantaneamente, o diodo flyback fornece um caminho para a corrente quando a bobina é desligada. Caso contrário, ocorreriam picos de tensão elevados causando arcos eléctricos nos contactos do interruptor, destruindo-os precocemente.
O relé poderá ficar alojado junto à buzina.

Desta forma, teremos sempre um ponto de energia disponível para alimentar os nossos 'gadgets'...

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Rendido à Vespa Asiática

Há séculos que ando de moto e confesso que o conceito Vespa nunca despertou a minha atenção até há bem pouco tempo. Assisti em miúdo, ao 'boom' das 'lambretas', nome genérico porque eram conhecidas na minha terra - Moçambique - as scooters de então. Aos meus olhos, eram uma espécie de moto, que faziam um chimfrim estonteante e onde as raparigas e senhoras se sentavam de lado...

Nestas coisas das motos, todos tivemos as nossas influências e as minhas passaram numa primeira fase pelas motos inglesas (Norton, Ajs, Matchless e Royal Enfield) que havia em casa e logo de seguida pela nipónica Honda que depressa se tornou a rainha da minha juventude. 

Apercebi-me de que havia quem nutrisse uma verdadeira paixão pelo conceito apenas em 1974, através de um tio do lado  paterno que possuía várias scooters e que as mantinha irrepreensíveis. Mas em mim, a coisa ficou-se por aí.
Só em 2013, durante uma das Festas da Moto organizadas pelo Moto Clube do Porto (MCP) nos jardins do Palácio de Cristal no Porto, tive vontade de experimentar o zingarelho. A coisa proporcionou-se sem contar e num ápice. Foi o meu amigo Vasco Rodrigues, esse sim, um entusiasta e conhecedor profundo do conceito Vespa, que me emprestou algo parecido com um Torpedo e que andava mais que o normal. Uma moca - pensei. Mas fiquei-me também por ali.

A vez em que experimentei a coisa mais a sério saiu-me cara. Foi num dos passeios para motos 125 que organizei para o MCP. Fomos a Arouca, num dia cinzento e eu levei uma LML automática do patrocinador. Gozei que foi um disparate durante toda a manhã. Depois do almoço fomos surpreendidos por uma chuvada monumental e no regresso, os pneus plastificados atraiçoaram-me, fazendo com que tivesse um encontro imediato com o sr. asfalto, durante uma boa centena de metros. Meti-me em despesas...

Mas as coisas de que gosto e que me marcam, quando menos se espera volto a elas e por vezes com um ímpeto desmesurado. Foi o caso. Em Outubro deste ano, conheci alguém que pretendia realizar capital para adquirir uma moto nova e dispunha de uma LML 150 a 4 tempos, que pretendía vender. Prontifiquei-me para a comprar e idealizei logo uma missão para ela. Uma viagem que há  muito havia delineado para fazer em 4x4, mas que talvez pudesse ser feita de scooter. E porque não? 
Falei da ideia ao meu primo Manuel Araújo, que se pôs a jogo, embora algo incrédulo. Seriam muitos quilómetros para percorrer, sobretudo por alguém que não tinha qualquer experiência de condução de 'vespa', como era o meu caso.


No dia 5 de Outubro de 2016, lá fomos os dois percorrer Portugal de extremo-a-extremo pela raia. Regressamos a 9, com 2016 km percorridos e muitas histórias para contar. Muitas delas estão contadas aquí
E foi assim, que me rendi à Vespa Asiática*...

* Referência à marca LML, que é proveniente da Índia.