domingo, 4 de outubro de 2015

Motos | Construir um oleador para a corrente


Já em tempos abordei aqui o tema “Lubrificar a corrente de transmissão.
Tal como então expus, utilizo óleo mineral em detrimento das massas em spray disponíveis no mercado. Não há qualquer argumento comercial que possam utilizar para me fazer mudar de ideias e utilizar estes sprays. O único aceitável, eventualmente, talvez pudesse ser o facto de não sujarem tanto a roda traseira. Todos os outros argumentos, tais como durabilidade dos elementos da transmissão, economia e facilidade de transporte podem ser facilmente rebatidos.
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A imagem acima ilustra o estado de ‘saúde’ de uma transmissão pertencente a uma Honda XL1000V (Varadero) com 52.250 Km, sempre lubrificada com óleo mineral.
Para quem pensa que não é prático andar com o bidão do óleo enfiado na top-case, vou ajudar a alterar a opinião, pois com a dica seguinte, é mais fácil transportar este oleador do que a lata do spray. Então vamos a isso.
O que proponho, necessita apenas de um pequeno frasco plástico com tampa, preferencialmente de enroscar. Por exemplo,  uma embalagem de iogurte líquido; um pincel pequeno; um parafuso de rosca de chapa; uma anilha.
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A primeira coisa a fazer é cortar as cerdas do pincel, deixando-as com cerca de 20mm apenas. De seguida, coloca-se o pincel dentro do frasco e marca-se o ponto onde este coincide com o gargalo do frasco, cortando-o de seguida com o auxílio de uma folha de serra para metais. Há que ter em atenção ao corte, para que este fique paralelo com a superfície interior da tampa, quando esta estiver na horizontal e o pincel na vertical. Depois, com o auxílio de uma broca com diâmetro ligeiramente mais pequeno do que o parafuso, abre-se um furo no topo do pincel, onde se irá introduzir o parafuso. Entre a cabeça do parafuso e a superfície da tampa, colocar-se-á uma anilha, que dará resistência ao conjunto e ajudará a manter a estanquidade. O resultado final ficará como o ilustrado na imagem seguinte.
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Uma vez construído o oleador, há que enchê-lo com valvulina SAE 75~90 e dar umas pinceladas de vez em quando. A transmissão agradece.

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sábado, 3 de outubro de 2015

Yam XTZ 750 (ST) | Como reparar fugas nas torneiras de combustível


Depois de 10 longos anos de ‘hibernação’, as torneiras de combustível da minha Super Téneré (S10) tornaram-se ineficientes, gotejando abundantemente. O tempo tem destas coisas – envelhece os materiais.
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A Yamaha não disponibiliza qualquer kit de reparação. Vende apenas a torneira completa, mas a um preço exorbitante. Existem no mercado fontes alternativas, que dispõem de kits de reparação para este efeito, mas também caros. Pagar cerca de 20 €uro por cada um, parece-me caro. Porém, o preço até poderá ser uma circunstância ultrapassável, mas importar as peças implica tempo em que nos veremos privados da moto e isto pesa...

Estas duas razões levaram-me a reflectir Pensativo. Há alguns anos atrás, sobretudo antes do advento da internet que facilitou os processos de pesquisa, a necessidade aguçava-nos o engenho e as soluções para os problemas procuravam-se e encontravam-se nas garagens de cada um. Eram os tempos do ‘old school’, ou seja, o tempo em que os ‘artistas’ eram menos e os verdadeiros artistas, eram mais artistas. Perdoem-me o trocadilho.

Eu sou desse tempo e, pelo facto de andar sempre a contar os tostões e a não querer sujeitar-me a ficar com a moto parada pelo menos durante uma semana, decidi meter as mãos na massa e assim construir os vedantes de que necessito.

A primeira coisa a ter em conta é seleccionar o material apropriado ao fim a que se destina. Tratando-se de gasolina, o material mais resistente e comum no mercado é o Viton. Adquiri um pedaço numa empresa local de vedantes, com a espessura de 3mm.
A partir daqui, coloquei o vedante original por cima do Viton e com um marcador, risquei sobre este os contornos da peça original. Para a executar, utilizei furadores tubulares com o diâmetro adequado e um X-acto de precisão. Ajustei o diâmetro exterior do vedante com o recurso a um pedaço de lixa.
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O processo de fabrico e montagem demorou cerca de uma hora para duas peças e o custo total foi inferior a 5 €uro. Fica a dica. Piscar de olho


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Yam XTZ 750 (ST) | Para quem se esquece das torneiras de gasolina abertas


Todas as motos dispõem de torneiras ligadas ao depósito de combustível. Hoje em dia, servem apenas propósitos de manutenção, permitindo fechar o circuito de alimentação quando é necessário retirar o depósito, p.e..
Contudo, nas motos com alguns anos, sobretudo dispondo de carburadores, estes dispositivos requerem utilização frequente, já que impedem que as válvulas dos carburadores fiquem sobre pressão permanente, correndo o risco de colarem, se a moto não for utilizada durante muito tempo. Outro motivo, prende-se com a utilização do descanso lateral que, por colocar a moto inclinada, faz com que as válvulas accionadas pelas boias existentes nas cubas não funcionem convenientemente, pois essa não é a sua posição natural de funcionamento.

Quem tem o prazer de usufruir de alguma Yamaha Super Téneré (XTZ 750), já lhe aconteceu certamente, deixar as torneiras de gasolina abertas de um dia para o outro e pelo facto da moto ficar inclinada, passar gasolina para os cilindros. A mim, já me aconteceu várias vezes.
Aborrecido com esta situação, resolvi eliminar definitivamente o problema.
Há quem o tenha feito intercalando uma electroválvula no circuito de alimentação, mas eu preferi optar pelo método mais comum utilizado nas motos - uma válvula de vácuo.
A bomba de combustível da ST é accionada a partir de uma das duas tomadas de vácuo disponíveis, pelo que decidi utilizar a tomada disponível para este efeito.
Válvula de vácuo para fecho do circuito de combustível
Como válvula, utilizei uma válvula de combustível de uma scooter. A marca pouco importa ( a que utilizei é chinesa), mas é necessário ter em conta os orifícios de entrada e saída, por forma a manter o caudal de gasolina necessário ao circuito.

Montei o dispositivo antes da entrada da bomba e... passei a esquecer-me das torneiras de gasolina abertas. Sorriso


ACTUALIZAÇÃO:

Tudo funcionava às mil maravilhas mas, um dia destes, após ter posto o motor em marcha e durante a fase de aquecimento, este parou e não mais pegou.
Propus-me perceber a razão da anomalia. Desmontei as velas e apercebi-me que estavam a queimar bem, ou seja, não estavam encharcadas e estas produziam a necessária faísca para a ignição. Isto apontou-me então na direcção da alimentação de combustível, que passei a verificar minuciosamente, tendo descoberto o seguinte:

Tratando-se de um bicilíndrico a 360º, os momentos de sucção são simultâneos em ambos os colectores. Estão em fase, portanto. Se o motor se mantiver ao ralenti durante algum tempo e simultaneamente com o ar fechado (shock), o accionamento da bomba de combustível e da válvula (ambas accionadas por vácuo) fica condicionada à actuação apenas em semi-ciclos (a cada 180º), impedindo que a gasolina chegue até aos carburadores. Esta situação ocorre raramente, mas ocorre, retirando fiabilidade ao sistema. 

Assim, como apologista que sou de sistemas fiáveis, não poderia deixar de criticar e alertar para este fenómeno e recomendar que, face a este imponderável, se utilize uma electroválvula no lugar da válvula de vácuo.