quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

XTZ 750 Super Ténéré | Homenagem a um ícone

Este modelo da Yamaha, também conhecido por ST, ou S10, nasceu naturalmente com a necessidade da marca se impor no Rali Ténéré que decorria então a nordeste da Nigéria e que veio a dar lugar ao maior rali do mundo – Rali Paris-Dakar.
Esta bi-cilíndrica desportiva de dupla utilização (dual-sport), sucedeu ao modelo XTZ 600 com um motor mais pequeno, mono-cilíndrico e arrefecido a ar, mas competente na acção. Viu a luz do dia pela primeira vez em 1989, apresentando-se com um motor de 5 válvulas por cilindro (uma revolução para a época), arrefecido a água, que a marca já utilizara na FZR 750R Genesis, mas com afinação diferenciada, debitando cerca de 70cv@7500rpm e um binário de 6,8kgf.m@6750 rpm, alimentado por dois carburadores Mikuni BDST de 38mm. Este rendimento, ainda actual, estava muito acima da concorrência directa, perpetrada quase exclusivamente pela Honda África Twin 750.
Trata-se de um modelo com uma mecânica simples e intuitiva, capaz de executar trabalho ‘pesado’ em percursos longos, com a ajuda do seu depósito avantajado com capacidade para 26 Litros, mantendo uma velocidade de cruzeiro de 120 Km/h e máxima de 196 Km/h.
Yamaha XTZ 750 Super Ténéré (modelo de 1990)
Sou proprietário de um exemplar de 1990, que adquiri usada há uns anos com relativamente poucos quilómetros e que me proporcionou cerca de 30.000 km de boas viagens. Apesar de a manter em bom estado para a idade, está há muito tempo parada e creio que chegou a hora de dedicar-lhe alguns cuidados que lhe possibilitem estar apta para o dia a dia, ou mesmo para a viagem de uma vida (se houver dinheiro para isso). Dessa acção darei aqui notícia.
Apesar da fiabilidade do modelo, apresenta também alguns problemas conhecidos, mais devido a deficiente manutenção preventiva, negligência profissional de alguns mecânicos e a utilização indevida, do que a qualquer outra coisa.
O consumo exagerado que lhe é atribuído é devido ao desgaste normal de alguns componentes dos carburadores, nomeadamente agulhas e tubos de emulsão e a má regulação estequiométrica.
Com um sistema eléctrico muito (demasiado) simples, apresenta como crónica a destruição do regulador de tensão. Por vezes, dependendo da avaria, o regulador pode gerar um pico de tensão muito elevado que acaba por avariar também o conta-rotações e o CDI (únicos órgãos electrónicos deste modelo). O defeito foi parcialmente corrigido em modelos posteriores, utilizando um regulador com uma dissipação mais eficiente (maiores alhetas de arrefecimento) e alterando a sua localização na moto, passando-o para debaixo do assento.
Atribui-se também à ST uma travagem deficiente, sobretudo quando comparada com a rival AT, o que é verdade, já que o diâmetro dos discos dianteiros de 245mm, contrastam em poder efectivo de travagem com a sua rival, que dispõe de discos com 276mm à frente. Um outro motivo, prende-se com os tubos de travagem em borracha, que a Yamaha recomenda substituir a cada 4 anos, por perderem qualidades. Recomendo substituí-los por tubos com malha de aço, muito mais baratos e eficazes que os originais.
Um outro problema conhecido e para mim o mais grave é provocado por utilização indevida. Trata-se de quebra de algumas soldaduras do quadro, ou mesmo quebra do quadro junto aos suportes do motor.
Estes são os problemas mais usuais neste modelo.
Contudo, parece-me que a desvalorização deste modelo face à concorrência é mais devida a uma política absurda do fabricante (peças originais muito caras), do que a demérito face à concorrência. Porém, sabendo procurar por peças alternativas, pode ser a chave para baixar o custo de propriedade e tirar o máximo prazer desta excelente moto.
Por fim e para os mais curiosos, deixo aqui alguns documentos interessantes  (acessíveis para download em formato .pdf) :
Ensaio ST 1989_capa             S10 vs AT_capa

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