terça-feira, 25 de agosto de 2015

Yam XTZ 750 (ST) | Alinhamento de Chassis (quadro)

 

Há tempos, enquanto um amigo dava uma volta com a minha Yamaha S10, descobri que a moto apresentava um desalinhamento entre a roda dianteira e a posterior, coisa esquisita já que a moto não se desviava da trajectória, nem apresentava nenhum comportamento anormal, que é evidente nestes casos.

Trocando opiniões com alguns amigos, tudo apontava para um empeno na suspensão dianteira, resultante de uma queda ou acidente do proprietário anterior. Decidi então começar a despistar a ‘coisa’ por aqui, adquirindo uma suspensão dianteira completa, que uma vez montada se mostrou inconsequente, ou seja, o problema não estava ali.

Descartada uma anomalia na suspensão dianteira, restava-me verificar o chassis ou quadro, certamente a que me iria dar mais trabalho. Comecei por tentar descobrir uma oficina que disponibilizasse serviço de desempanagem de quadros na zona do Porto, que se mostrou quase infrutífera. Há alguns anos atrás, existia um equipamento destes na Motodouro, que entretanto encerrou. Disseram-me que um antigo funcionário desta casa ainda executava particularmente este tipo de trabalho, mas após contacto telefónico que estabeleci com o próprio, fez-me saber que encerrou a actividade. Deram-me a conhecer outra entidade, a quem em boa hora recorri:

BIG RELA de FERNANDO de ALMEIDA PINHO
Rua 5 de Outubro, 200
Cesar (Oliveira de Azeméis)

Tel. 256 851 348

Visitei primeiro a oficina, a fim de conhecer pessoalmente a quem iria entregar a minha moto. Assim pensei e melhor decidi. Conheci pessoalmente o Sr. Fernando Pinho, que se revelou uma pessoa afável e bem disposta. Depressa percebi que a sua forma de estar é tão simples quanto genuína. O homem está estabelecido no ramo desde 1972 e chegou a ser, talvez, o maior concessionário Yamaha da região, até ao dia em que – como diz - decidiu deixar de trabalhar para os bancos.

Faz questão de mostrar a sua pequena mas bem organizada oficina a quem o visita, onde trabalham vários profissionais dedicados. Durante a minha visita, fiquei a saber algo que me diz muito sobre a casa e quem a dirige. Um dos mecânicos, o Sr. António, trabalha ali há mais de trinta anos e durante a minha visita, apareceu também o primeiro funcionário que a casa teve, que de passagem, lá foi deixar uma caixa de cerejas. Isto diz muito sobre a relação das pessoas que ali trabalham e trabalharam.

Passados uns dias, levei lá a moto para ir à ‘mestra’, uma máquina de última geração para alinhamento de chassis de motos quer de aço, quer de alumínio, que se revelou eficaz.

Máquina para alinhamento de chassis

Efectivamente a minha S10 estava empenada. Uma das canas do quadro cedeu por um dos furos de fixação da cablagem ao quadro (pelos vistos anomalia frequente em motos com esta idade), provocando o desalinhamento longitudinal. Porém a moto apresentava também outro problema, talvez resultante de uma batida de frente mal reparada (da qual nunca tive conhecimento). A distância entre os eixos apresentava-se mais curta cerca de cinco centímetros, facto que só foi possível despistar e corrigir com a ajuda deste equipamento. Após ter sido desempenado, foram reconfirmadas as dimensões originais e as canas ou travessas do chassis foram soldadas e assim eliminados os pontos de fragilidade. De seguida testou-se a moto em estrada e, como não poderia deixar de ser, o resultado foi o que todos esperávamos: IMPECÁVEL.

Quando escasseiam os bons e dedicados profissionais – que designo como sendo da velha escola – nunca é de mais enaltecer o trabalho dos bons, que em jeito de agradecimento não posso deixar de recomendar.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

GoPro & WiFi (substituição de interruptor)

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O que é que a GoPro tem a ver com motos? Perguntarão.
A GoPro é uma referência incontornável na panóplia das câmaras de acção disponíveis no mercado e são usadas também por motociclistas para registar momentos de viagem ou aventuras.
Até agora, enquanto  escrevo estas linhas, a marca já disponibilizou no mercado vários modelos, desde a Hero, o primeiro,  depois a Hero 2 e 3, a Hero 4 e a novíssima Hero 4 Session, uma verdadeira revolução em miniatura.
 
GoPro's
Eu, possuo a Hero 2 que não penso substituir tão cedo, já que continua a servir as minhas necessidades. Esta câmara, ao contrário dos modelos disponibilizados posteriormente, não dispõe da funcionalidade WiFi incorporada no hardware. Para que tal seja possível, a GoPro disponibilizou uma interface externa acoplável (backpak).
GoProBackpack
O botão que permite ligar e desligar a minha unidade WiFi avariou, fazendo com que a unidade se ligasse sozinha, com todos os inconvenientes que isso acarreta, nomeadamente no imprevisível consumo de bateria. Infelizmente, esta ocorrência verificou-se após o período de garantia ter finalizado. Restavam duas opções: enviar para reparação, ou reparar eu mesmo a interface.
A GoPro, tal como inúmeras marcas deste tipo de equipamentos, entrega o fabrico dos seus equipamentos a empresas localizadas na China, ou seja, quando algo avaria é substituído e raramente reparado, face aos custos logísticos que a operação acarreta. Uma vez fora do período da garantia, o preço pedido para reparar a interface aproximou-se do preço de uma unidade nova. Restou-me a opção de meter mãos à obra e reparar eu próprio a unidade.
Esta unidade utiliza um micro-interruptor de montagem em superfície com uma configuração esquisita e descobri via Alibaba, uma entidade que reclamava o seu fabrico, porém vendia no mínimo mil unidades, ou oferecia-me alguns exemplares, a troco de eu conseguir uma empresa que lhes comprasse as tais mil unidades. Descartada a possibilidade de conseguir um micro-interruptor igual, decidi utilizar outro tipo, desde que cumprisse a mesma função.
MotoGozo103
Depois de abrir a interface (retirando os quatro parafusos) e retirados os dois parafusos que fixam a placa à outra metade da tampa, retirei o LCD, sem tocar nas superfícies de contacto, quer no PCB, quer no LCD. Com uma estação de ar quente (reworking station), dessoldei o micro-interruptor original. Nos pontos de contacto do micro-interruptor original, soldei a extremidade de dois condutores finos, soldando a outra extremidade a um micro-interruptor comum para PCB. Estes micro-interruptores são um pouco maiores, mas com algum esforço e ‘bricolage’ em torno do orifício da caixa é possível a sua instalação.
MotoGozo100   MotoGozo101   MotoGozo102
Porém, isto não é suficiente. A altura do botão propriamente dito, impede o fecho da tampa estanque da GoPro, já que o dispositivo metálico de accionamento a partir do exterior é demasiado proeminente, impedindo o fecho da tampa. A solução passa por desbastar o botão até que a tampa feche.
E pronto, a unidade está pronta para ser utilizada por menos de um €uro.












sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Honda XRV 750 Africa Twin | Reparação da Bomba de Água


Sempre ouvi dizer que Honda é Honda, para se referirem à boa qualidade do material deste fabricante nipónico.
Porém, a fiabilidade do equipamento é directamente proporcional à qualidade da manutenção preventiva a que esse equipamento é sujeito. Se a manutenção for deficiente ou inexistente, não há fabricante que nos valha…

A história de hoje é sobre a AT que o meu amigo João BF comprou usada, e que fora sempre assistida numa reputada oficina do Porto. Desta vez, no início de mais uma viagem, decidiu borregar. Começou a perder água por baixo e consequentemente o ponteiro do manómetro da temperatura iniciou uma galopada ascendente. Nada a fazer, a não ser chamar a assistência em viagem e mandar a moto para casa.

Uma breve inspecção em busca de um tubo danificado, mostrou que a água se escapava pelo orifício de purga da bomba de água. Decidida a abertura do carter da bomba, uma primeira surpresa: ferrugem.
A moto há muito não via anticongelante. O líquido de refrigeração era mesmo água.
Mas a segunda surpresa estava próxima. Aberta a bomba, o aspecto interior reflecte-se na foto que se segue. Tudo desfeito.

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Ou assim, já depois de limpa.

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O interior, para além de ter uma alheta partida, parece-se com qualquer coisa, menos com um rotor de uma turbina, como se deveria parecer. Pensei que o estrago pudesse advir da alheta partida, que uma vez solta destruísse as restantes pás da turbina. Mas não. Se isso aconteceu não foi nos tempos recentes, já que no interior, não havia qualquer indício de pancada provocada pela peça solta. Depois, o carter da bomba apresentava resíduos de RVP (silicone), o que me deixou ainda mais intrigado. Quando se monta a bomba, utiliza-se apenas uma junta tórica. Esta situação fez-me antecipar o veredicto: a bomba foi trocada. Mas em vez de ter sido substituída por uma bomba nova, no seu lugar foi montada uma usada.

A bomba de água da AT possui três vedantes (sem contar com o da tampa): um tórico que impede que o óleo do motor se escape para fora do motor; Um do tipo empanque com mola de fecho montado no rótor do lado interno da bomba; e um mecânico do lado da turbina. Os dois primeiros vedantes que referi podem ser substituídos, porém o terceiro, não. Quando este se danifica, a reparação só é possível com a aquisição de uma bomba nova.

Assim foi feito. Encomendei a bomba (19200-MV1-020) e o vedante da tampa (19226-MM9-000) na MotoTrofa, que chegou hoje da Honda. O aspecto da peça nova é bastante mais simpático.

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A montagem foi efectuada ‘sem espinhas’. Como não pode deixar de ser, colocou-se novo filtro e óleo no motor, novo anticongelante e está pronta para outra… viagem.